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Em seu livro Psicodrama (1972), publicado originalmente em 1946, J. L. Moreno apresenta uma nova forma de psicoterapia. Sua proposta era colocar o sujeito em um palco onde ele pudesse representar sua vida. Nesse espetáculo, o cliente é o roteirista. Ao diretor, ou terapeuta, cabe incentivar os atores a desempenhar diferentes papéis, possibilitando que o cliente experimente outros papéis além do seu e investigando aspectos que lhe pareçam obscuros. Sempre que se desejar, pode-se voltar no tempo e refazer a cena, para melhor compreendê-la ou para reescrever seu desfecho. É a vida em caráter experimental. “O Psicodrama é a sociedade humana em miniatura, o ambiente mais simples possível para um estudo metodológico da sua estrutura psicológica” (p.231).

Bibliografia

 

Concebido inicialmente como proposta de intervenção grupal, o Psicodrama aprimorou-se e hoje também é aplicado com sucesso no contexto da psicoterapia individual. Mas quando e onde surgiu essa vertente? “É difícil dizer quem o inventou”, diz a psicodramatista Rosa Cukier (1992, p. 17). Diante do sucesso da psicoterapia individual, consagrada pela Psicanálise de Sigmund Freud, foi provavelmente uma questão de sobrevivência para o Psicodrama adaptar-se a este setting. “Tem-se a impressão de que ele [o Psicodrama como terapia individual] sempre esteve aí”, completa Cukier (1992, p.17). De fato, hoje não é difícil encontrar psicodramatistas que trabalhem exclusivamente como terapeutas individuais, graças ao vasto e crescente arsenal teórico e prático desta modalidade de atuação.  

No consultório

 

Origens

 

Na prática

 

Trabalhar em cena significa dar vida ao mundo interno do paciente. Permite que ele vivencie seus problemas, ao invés de falar sobre eles. Assim, por exemplo, o terapeuta pode convidar o cliente a desempenhar o papel de sua mãe e, então conversar com esta mãe imaginária sobre os problemas na relação mãe-filho. Nesta técnica, que chamamos de role playing, o cliente utiliza seu potencial criativo para desempenhar um papel, de outra pessoa ou de si mesmo em outro momento. A técnica propicia uma visão crítica destes papéis, bem como a identificação de seus aspectos ultrapassados e inadequados. A partir daí, o paciente pode recriar o papel dentro de si, transformando suas relações (MORENO, 1974). 


Isso não quer dizer que a terapia conduzida por um psicodramatista será sempre uma sucessão de cenas. Dramatizar é um recurso. Alguns o utilizam mais, outros menos; alguns em quase todas as sessões, outros em pouquíssimas. Por trás da técnica está uma teoria, uma concepção de homem que compreende o sujeito a partir de suas relações. Esta teoria norteia todo o trabalho do psicodramatista. Assim como um psicanalista não começa a ser psicanalista no momento em que seu paciente deita no divã, o Psicodrama também está presente durante uma sessão em que não há cena e simplesmente se conversa.

 

CUKIER, R. Psicodrama Bipessoal: Sua Técnica, Seu Terapeuta e Seu Paciente. São Paulo: Ágora, 1992.
MORENO, J. L. Psicodrama. São Paulo: Cultrix, 1972.
MORENO, J.L. Psicoterapia de Grupo e Psicodrama. São Paulo: Editora Mestre Jou, 1974.

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