top of page

Primórdios

Todos os casais têm problemas. O amor conjugal é uma das principais fontes do sofrimento humano, e não por acaso sempre foi tema recorrente nas mais diversas expressões artísticas. Compreender o amor por completo é impossível, mas através dos tempos seguimos tentando, na esperança de alcançar a felicidade e a completude que, acreditamos, o amor pode nos trazer.

 

Apesar disso, foi só a partir das décadas de 80 e 90 que os estudos acerca do amor conjugal começaram a proliferar-se no meio científico (MONTORO, 2004, p. 101). O olhar sistêmico possibilitou pensarmos o casal como uma célula social, com funcionamento e características próprias, que não se resume à soma do que cada parceiro traz para a relação. Assim, uma terapia de casal busca a compreensão da dinâmica de funcionamento da relação. O terapeuta não é juiz, não lhe cabendo decidir quem é culpado ou quem deve mudar seu comportamento. O casamento é uma escolha, bem como permanecer nele. Desse modo, busca-se facilitar a comunicação para que cada um possa conhecer e expressar o que sente em relação ao outro e ao casamento. 

Processo

Em alguns casos, as dificuldades se dão no campo da sexualidade; às vezes a queixa é a falta ou o excesso de afeto de seus parceiros; outros percebem, com o passar do tempo, que seus projetos de vida não são compatíveis. Estes três alicerces propostos por Bustos (1990) – sexualidade, afeto e projeto comum – enfrentam modificações ao longo da trajetória do casal. Desdobram-se na vida prática em infinitos acontecimentos: nascimento dos filhos, perda de emprego ou ascensão profissional, crises na família de origem de um ou de outro, conquistas pessoais, envelhecimento, mudança de cidade, etc. Como o casal vivencia esses acontecimentos? Quais os critérios que levaram à escolha do cônjuge? As expectativas encontram satisfação na relação? O que um oferece realmente é o que o outro deseja? Quais os combinados que regem o casal? Este contrato funciona ou é hora de revê-lo? Como o casal se relaciona com as famílias de origem e que padrões traz delas para dentro do casamento? A relação é vivida como simétrica ou alguém sente que dá mais do que recebe?

 

É preciso cautela para lidar com tantas questões. É natural que o casal tenha receio de entrar em contato com seus problemas, pois um conflito sempre pode representar o início do fim. Pouco a pouco o terapeuta deve promover o diálogo, muitas vezes desgastado pelos anos, e ajudar o casal a compreender como cada um construiu seus padrões de relacionamento, que podem ter se tornado fonte de sofrimento para o outro. Ele nunca está a serviço de um ou de outro, mas da relação e da vida em comum, contribuindo para que o casal possa engajar-se na construção de soluções que contemplem as necessidades de ambos. 

Bibliografia

BUSTUS, Dalmiro M. Perigo... Amor à vista!: Drama e Psicodrama de casais. São Paulo: Aleph, 1990. 237 p.

MONTORO, G. M. C. F. Amor conjugal e padrões de relacionamento. In: VITALE, M. A. F. (Org.). Laços Amorosos. São Paulo: Ágora, 2004. p. 101-133. 

bottom of page